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volta, vamos fazer tour pela cidade

  • Foto do escritor: Clariane Amorim
    Clariane Amorim
  • 26 de set. de 2022
  • 5 min de leitura

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Hoje andei vasculhando algumas memórias bonitas do que já vivi em compartilhamento com a sua vida. Lembrei-me então do quanto gostamos de andar pela cidade e desvendar lugares juntas, você ainda sente isso? Me peguei folheando memórias na cabeça, enquanto voltava da faculdade, olhando pela janela do ônibus que estava tomada pela chuva triste e fria de São Paulo.


Aliás, São Paulo foi nosso palco de amor. Você já parou pra pensar na quantidade de lugares que passaram a ter um sentido e um carinho depois que descobrimos eles? Se essas memórias estão meio caóticas e escuras na sua cabeça - na cabeça porquê sei que no coração elas estarão sempre vivas - te faço aqui questão de esclarecer tudo.


Começando pelo nosso lugar casa de encontro. O teatro. Mas não um teatro qualquer, o teatro que nos deu a chance de nos conhecermos, que nos levou a tantos caminhos e que aprendemos tanto lá. Eu acho doido pensar que se algumas coisas não tivessem acontecido na sua e na minha vida, nós certamente demoraríamos muito pra viver esse encontro e talvez, bem talvez, esse encontro nem sequer aconteceria. Mas enfim, lá vivemos nosso primeiro encontro, aquele que você me viu muito antes de eu imaginar que o amor maior - você - já existia. Você simplesmente comentou algo com um amigo, disse que iria namorar a personagem da baiana e meses depois o universo fez questão de te colocar no meu caminho. Dessa vez, você já ia me mostrando seu trabalho que sou apaixonada e tivemos um primeiro contato simples, rápido, mas também inesquecível.


Vivemos muito ali. Muitas peças que assistimos juntas. Muitos ensaios de um coletivo que furou. Muitas aulas compartilhadas. Muitos beijos antes da estreia. Muita risada. Muita transa no camarim ou na sala de ensaio. Muito amor esbanjando arte, esbanjando a divindade de Dionísio.


O segundo local que eu queria comentar aqui é a sua casa, que por muito tempo foi minha casa também - e eu ainda sinto que é. Sua casa sempre me acolheu tão bem, sempre me deixou tão feliz. Às vezes me deixou meio envergonhada também, ficava com medo de ser pega por ai andando semi nua, mas a verdade é que a gente sempre dava um jeitinho, não é?. A sua cama tinha um dom de ser pequenina e ao mesmo tempo nos cabia perfeitamente, porque assim conseguíamos ficar ainda mais juntinhas, eu amo! Tem a cozinha também, onde sua mãe prepara as melhores comidas que só de pensar me dá água na boca - aliás, será que tem como mandar um potinho com guacamole, macarrãozinho com frango, batata frita e aquele pavê maravilhoso que ela faz?.


Sua casa, seu quarto na verdade, foi o palco das nossas conversas mais intimas, de muita espiritualidade, muito amor gostoso sentido com a boca e com gosto de quero mais. Foi palco de uma das melhores memórias que tenho, o dia rosa. Mas também foi palco do nosso afastamento e eu consigo me lembrar da sensação horrível e do medo que senti de esquecer cada detalhe da cama, da colcha com estampa de retalhos, do travesseiro da sua gatinha e do seu meio mole, da sua coberta de pelinhos, da sua mesa com seu computador, um cinzeiro, muitos bichinhos de pelúcia e algumas memórias nossas e de outras vidas penduricadas no seu muralzinho que fica próximo a janela. Quanta coisa, né? Me veio muito forte agora o cheiro do seu quarto, queria muito estar nele bem agora.


Vinhedo. Lá também foi momento de compartilhar nosso bem maior, o que nos liga. Foi lá também que você sentiu que devia me dar uma aliança física do nosso amor e hoje ela está recebendo cuidados, sendo bem cultivada.


Seu carro. Nele a gente viveu muito. Fazíamos tudo por ele, visitávamos amigos, saíamos para almoçar ou jantar, cruzávamos a cidade ouvindo djavan ou qualquer uma da nova brasil. Minha primeira vontade de te ter em mim foi dentro de um carro e você correu pra tirar a cadeira de bebê que tinha no banco de trás, tudo muito engraçado se olharmos hoje. Com um tempo a gente foi ganhando certas habilidades e com o mesmo tempo a gente foi perdendo, porque a elasticidade era muito necessária e porque acostumamos a viver o amor na sua cama delicia.


Foi pelo seu carro que fomos à São Bernardo, lembra? Toda vez que ouço "Cataflor" do Tiago Iorc, eu lembro desse dia. Foi uma das primeiras vezes que acompanhei seu trabalho e depois pegamos uma estradinha. No fim da tarde a gente andou pelo centro (acho, tenho vagas lembranças) e eu lembro que passamos na sede da sua rádio favorita. Lembro também que seu cabelo estava lindo, do jeito que eu amo.


O bar próximo ao teatro também foi palco do nosso amor e do compartilhamento dele com amizades da época. Confesso que pensar no bar agora me deixa meio angustiada, eu passei por bons bocados com esses "amigos" e não sinto vontade mais de pisar ali, só se for com você. Ainda assim guardo boas lembranças, principalmente dos nossos aniversários desse ano.


E perto do bar, você sabe bem o que tem, né? O hotelzinho que a gente ficava quando queria um pouco de liberdade e queríamos olhar pro nosso bairro favorito e a vida que lá acontecia de uma forma diferente. Eu lembro de tanta coisa boa ali. Lembro das vezes que saímos do bar e de tão bêbadas, deitamos na cama sem conseguir trocar carinhos - isso é mais sobre mim, você sabe. Lembro de muita coisa engraçada também e sei que você também está lembrando.


Da zona norte pra zona leste, centro, interior e jardins: a gente vivia a cidade e o nosso amor sempre teve esses cenários.


Eu sinto falta de desvendar a cidade contigo, sinto falta de conhecer novos lugares contigo, inclusive, queria te fazer uma proposta: volta? vamos fazer tour pela cidade, deixa eu conhecer mais sobre a gente.


E pensando na possibilidade de um "sim", eu certamente iria te sugerir de fazermos outros lugares serem palcos e cenários do nosso amor. Imagina a gente em NY? Ou Minas Gerais mesmo... Ou Campos do Jordão... E o nordeste... Ah! Que sonho! Fico aqui esperando que um dia isso se torne realidade.


Meu bem, a verdade é que te cultivo todos os dias de longe, mas sinto falta de um sinal. Tá tudo bem? Como anda a limpeza? Anda brava ou chateada - ainda - comigo? Sente amor? Sente saudade? Volta? Quando? Fico boba pedindo um sinal do universo, agradecendo sempre pela tua vida e pela nossa trajetória que é linda e perfeita como a espiritualidade quer que seja.


ps.: mas ó, se quiser deixar um sinal, o botão do coração/curtir desse post tá disponível, tá?


Com amor e lembranças de muitos lugares. Eu sempre soube que você existia,

clari 🌹


 
 
 

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