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precisamos falar sobre água viva - anavitória

  • Foto do escritor: Clariane Amorim
    Clariane Amorim
  • 16 de dez. de 2024
  • 2 min de leitura

Sim, precisamos falar sobre o álbum novo da AnaVitória, mas principalmente sobre "Água Viva". A faixa 7 do disco trouxe um emaranhado de sensações em mim. É engraçado como algumas músicas têm o poder de nos invadir. Não batem na porta, não pedem licença; elas simplesmente entram, percorrem os corredores da alma e mexem em tudo. Foi isso que "Água Viva" fez comigo.


A cada verso, uma nova camada se revelou, como quem tira as pétalas de uma flor e encontra o que há de mais vivo e vulnerável ali dentro. A música carrega uma leveza que é quase contraditória — porque, mesmo sendo tão doce, pesa como uma memória que a gente carrega no peito. Uma memória de algo que foi, ou talvez de algo que nunca chegou a ser. É sobre saudade, sim, mas não é só isso. É sobre o movimento que a saudade causa.

'"Se eu puder ter um pedido a mais. Guarde o melhor que tivemos" — essa frase ficou ressoando como se fosse minha.


Há algo tão verdadeiro nessa ideia de que algumas coisas e relações podem simplesmente se esvaziar no tempo-espaço. É bonito e dolorido aceitar que nem todas as ondas foram feitas para voltar.


E talvez seja isso que "Água Viva" me fez perceber: o quanto a vida flui, como um rio que não se importa se você está pronto ou não para seguir o curso. Ela vem, leva, transforma. E nós? Somos só navegantes, tentando manter o equilíbrio na correnteza. Mas a música também lembra que, mesmo na ausência, mesmo no movimento de ir e vir, há beleza. A água que vai é a mesma que renova, e isso é um consolo, ainda que às vezes um pouco amargo.


Eu ouvi "Água Viva" num momento em que eu precisava desse lembrete. Preciso confessar que, de uns tempos pra cá, tenho me permitido mais sentir as ondas e menos tentar controlá-las. É um exercício difícil, mas necessário. E a música veio como um empurrão suave, uma brisa que sussurra: "Deixa ir. Deixa ser."


AnaVitória conseguiu transformar a efemeridade da vida em melodia. Transformou saudade em algo palpável, mas também libertador. E eu? Eu só consigo agradecer, porque algumas músicas chegam como porto seguro, mas outras chegam como água viva. Elas queimam, cutucam, mas, no fim, cicatrizam.


E realmente, "Nem todo mundo tem a sorte que nós dois tivemos juntos. E é tão bom saber que alguém que me conhece assim tão bem existe". Esse é o sinal.



 
 
 

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